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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O sono na meditação

"Em certa ocasião, escutamos dos lábios de um swami hindu uma exótica afirmação.

Aquele mestre explicou diante do auditório a necessidade da Hatha−Yoga como indispensável para alcançar as alturas do Samadhi. O yogue disse que muitas pessoas não haviam conseguido nada na Meditação interna, apesar de seus longos esforços e treinamentos diários. O swami conceituava que essa classe de fracassos se deve à exclusão da Hatha−Yoga.

Nós francamente discordamos desta afirmação do venerável swami. Aqueles que depois de 10 ou 20 anos não conseguiram a iluminação com a prática da meditação interna, devem buscar a causa na falta de sono.

É imprescindível combinar a meditação com o sono."

Samael Aun Weor em Kundalini Yoga ou O Livro Amarelo, cap. XI.

domingo, 20 de outubro de 2013

Primeiras Experiências Clarividentes e Clariaudientes

(Extraído de Kundalini Yoga ou O Livro Amarelo, Cap. XII − V. M. Samael Aun Weor)

Se o yogue persevera na meditação interna, se é constante, tenaz, infinitamente paciente, depois de certo tempo aparecem as primeiras percepções clarividentes.

No princípio, apenas pontos luminosos, depois aparecem rostos, quadros da natureza, objetos como em sonhos, naqueles instantes de transição que há entre a vigília e o sono. As primeiras percepções clarividentes despertam o entusiasmo do discípulo.

Essas percepções demonstram−lhe que seus poderes internos estão entrando em atividade.

É necessário que o estudante não se canse. Necessita−se muitíssima paciência. O desenvolvimento dos poderes internos é algo muito difícil. Realmente, são muitos os estudantes que começam, mas são poucos os que têm a paciência do santo Jó. Os impacientes não conseguem dar um só passo no caminho da Realização. Esta classe de práticas esotéricas é para pessoas muito tenazes e pacientes.

Na Índia sagrada dos Vedas, os yogues praticam a meditação interna quatro vezes por dia. Em nosso mundo ocidental, devido à preocupação pelo viver diário e ao duro batalhar pela existência, só se pode praticar a meditação uma vez por dia. Só isso é o suficiente. O importante é praticar diariamente, sem faltar um só dia. A repetição incessante, contínua, tenaz, põe, afinal, os chacras a girar, e, depois de algum tempo, iniciam−se as primeiras percepções clarividentes e clariaudientes.

As manchas luminosas, os quadros de luz, as figuras vivas, o soar de sinos, as vozes de pessoas ou de animais, etc., indicam com segurança que o estudante está progredindo no desenvolvimento dos seus poderes internos. Todas essas percepções aparecem nos instantes em que, submerso em profunda meditação, encontra−se adormecido.

Muitíssimas espécies de luz começam a surgir com a prática da meditação interna. No princípio, o devoto percebe luzes brancas e muito brilhantes. Essas luzes correspondem ao Olho da Sabedoria, o qual se acha situado entre as sobrancelhas. As luzes brancas, amarelas, vermelhas, azuis, verdes, assim como os relâmpagos, o sol, a lua, as estrelas, as chispas, as chamas, etc., são partículas formadas de elementos supra−sensíveis.

Quando aparecem pequenas bolinhas luminosas, resplandecendo com as cores branca e vermelha, é sinal absolutamente seguro de que estamos progredindo na prática da concentração do pensamento.

Chegará o momento em que o devoto conseguirá ver os Anjos, os Arcanjos, Tronos, Potestades, Virtudes, etc., etc. O estudante costuma ver, entre sonhos e também durante a meditação, grandiosos templos, rios, vales, montanhas, belos jardins encantados, etc.

Costumam apresentar−se, durante as práticas de meditação, certas estranhas sensações que às vezes enchem de medo o devoto. Uma dessas sensações é uma corrente elétrica no chacra do cóccix.

Também no Lótus das Mil Pétalas, situado na parte superior do cérebro, costumam sentir−se certas sensações elétricas. O devoto deve vencer o medo, se quiser progredir no desenvolvimento dos seus poderes internos.

Algumas pessoas têm estas visões em poucos dias de práticas. Outras pessoas começam a ter as primeiras visões depois de seis meses de exercícios diários.

No primeiro período de treinamento diário, apenas nos relacionamos com os seres do plano astral.

No segundo período de exercitamento esotérico, relacionamo−nos com seres do plano mental. No terceiro período, relacionamo−nos com seres do mundo puramente espiritual. Então, começamos realmente a converter−nos em competentes investigadores dos Mundos Superiores.

O devoto que começou a ter as primeiras percepções dos Mundos Superiores, deve ser, no princípio, como um jardim selado com sete selos. Aqueles, que andam contando aos outros tudo o que vêem e ouvem, fracassam nesses estudos pois as portas dos Mundos Superiores se fecham para eles.

Um dos perigos mais graves que assalta o devoto é a vaidade. Muitos estudantes se enchem de vaidade e orgulho quando começam a perceber a realidade dos mundos supra−sensíveis e então se qualificam de MESTRES. E, sem terem alcançado o pleno desenvolvimento dos seus poderes internos, começam a julgar os outros erroneamente, fundamentados nas suas percepções clarividentes incompletas.

O resultado desse proceder equivocado é que o devoto lança então muito Karma em suas costas, porque se converte em caluniador do próximo e enche o mundo de lágrimas e de dor.

O estudante que teve as primeiras percepções clarividentes, deve ser como um jardim selado com sete selos, até que seu MESTRE interno o inicie nos GRANDES MISTÉRIOS e lhe dê ordem para falar.

Outro dos graves erros que assaltam a todos aqueles que se submetem à disciplina esotérica é depreciar a IMAGINAÇÃO. Nós aprendemos que a imaginação é o translúcido, o espelho da alma, a divina clarividência. Para o devoto, imaginar é ver.

Quando o chacra frontal começa a girar, as imagens que vêm ao translúcido tornam−se brilhantes, resplandecentes, luminosas.

O devoto deve distinguir entre a IMAGINAÇÃO e a FANTASIA. A imaginação é positiva. A fantasia é negativa, prejudicial, daninha para a mente, pois pode conduzir−nos às alucinações e à loucura.

Todos aqueles que quiserem despertar a clarividência, desprezando a IMAGINAÇÃO, cairão no mesmo absurdo daqueles que quiserem praticar a meditação com absoluta ausência de sono. Essas pessoas fracassam no desenvolvimento dos seus poderes internos. Essas pessoas violam as leis naturais, e o resultado inevitável é o insucesso (grifo meu) [Ou seja, tentar meditar sem dormir e sem o recurso da imaginação é um equívoco].

IMAGINAÇÃO, INSPIRAÇÃO e INTUIÇÃO são os três caminhos obrigatórios da Iniciação.
Primeiro, aparecem as imagens internas, depois, conhecemos o significado dessas imagens e, por último, penetramos num mundo puramente espiritual.

Todo clarividente necessita de Iniciação. A clarividência sem a Iniciação Esotérica conduz o estudante ao mundo do delito. É necessário receber a Iniciação Cósmica.

Se um clarividente penetrar no subconsciente da natureza, poderá ler, ali, todo o passado da Terra e das suas raças. Ali encontrará também os seus seres mais queridos.

Poderá ver, por exemplo, a sua esposa amada, casada com outros homens ou talvez até adulterando. Se o clarividente não tem Iniciação, confundirá o passado com o presente e caluniará sua esposa; então, dirá: "ela é infiel, é adúltera, pois sou clarividente e a estou vendo nos mundos internos em pleno adultério". No subconsciente da natureza existem as lembranças das nossas reencarnações passadas.

Se um clarividente penetra no infraconsciente da Natureza, encontrará ali todas as maldades da espécie humana. No infraconsciente da Natureza vive o Satã de todo ser humano. Se o clarividente não recebeu a Iniciação, pode cair então na calúnia, porque nos infernos infraconscientes da natureza vive o Satã dos Santos (O Eu Psicológico).

O clarividente sem Iniciação verá ali o Satã dos santos revivendo incessantemente todos os crimes e maldades que eles cometeram em remotíssimas reencarnações, antes de serem Santos. Porém, o clarividente inexperiente, sem Iniciação, não saberia distinguir realmente entre o passado e o presente. Entre o Satã de um homem e o Ser Verdadeiro de um homem. O resultado seria a calúnia. O clarividente inexperto diria: "Esse homem, que se crê santo, é um assassino, ou um ladrão, ou um terrível mago negro, porque eu, com a minha clarividência, assim o estou vendo". Isso é precisamente o que se chama calúnia. Muitos clarividentes degeneram horrivelmente em caluniadores. Um dos mais graves perigos da calúnia é o homicídio.

O homem ciumento, desconfiado, etc. encontrará, no infraconsciente da natureza, todas as suas dúvidas e suspeitas convertidas em realidade. Então, caluniará sua esposa, seus amigos, seus vizinhos, os Mestres, dizendo: "Como vêm, eu tinha razão nas minhas dúvidas. Meu amigo é um ladrão, ou um mago negro, ou um assassino; minha esposa está adulterando com fulano de tal, assim como eu suspeitava; minha clarividência não falha, eu não me engano, etc.

O pobre homem, devido à falta de Iniciação, não teria capacidade de análise suficiente  para se dar conta de que penetrou no infraconsciente da Natureza, onde vivem as próprias criações mentais.
Considerando todos esses perigos, é importante que os estudantes esoteristas não lancem juízos sobre as pessoas. "Não julgueis para que não sejais julgados".

O devoto deve ser como um jardim selado, e com sete selos. Aquele que já tem as primeiras percepções clarividentes e clariaudientes é ainda um clarividente inexperto e, se não souber calar, converter−se−á em um caluniador das pessoas. Só os grandes Iniciados clarividentes não se equivocam. Rama, Krishna, Buda, Jesus Cristo, Hermes, etc., foram verdadeiros clarividentes infalíveis, oniscientes.

sábado, 19 de outubro de 2013

Canção de Milarepa para Lady Paldarboom

Tópicos: clareza, mente natureza, estabilidade.
Fonte: http://www.unfetteredmind.org/milarepas-song-to-lady-paldarboom
Tradução livre

“Então ela disse: ‘Caro professor, não tenho feito nada para me preparar para a próxima vida. Agora eu vou fazê-lo. Por favor,  partindo de sua grande compaixão, cuide de mim e me dê instrução à meditação.’

Milarepa estava encantado e respondeu: ‘Se você praticar o Dharma, sinceramente, na minha tradição, você não precisa mudar seu nome. A pessoa desperta com uma cabeça cheia de cabelos. Você não tem que cortar o cabelo ou fazer outras alterações.’

Ele cantou esta música com quatro exemplos e cinco pontos sobre a meditação e a prática da mente:

‘Ah , Lady Paldarboom
Afortunada e dedicada estudante,

Tome o céu como um exemplo,
Pratique sem qualquer senso de limite ou posição [meu entendimento: esqueça onde e em que posição você está].

Tome o sol e a lua como exemplos ,
Pratique sem qualquer senso de clareza ou distorção [não se preocupe se está confusa ou entendendo].

Tome esta montanha como um exemplo,
Pratique sem qualquer sentido de movimento ou mudança [não se preocupe em ficar imóvel ou se mexer].

Tome o grande oceano como exemplo,
Pratique sem qualquer senso de profundidade ou superfície [não se preocupe se sua prática se aprofundou ou ainda está superficial].

Para revelar a mente,
Pratique sem qualquer dúvida ou hesitação [não se amarre em preocupações sobre a prática e nem fique vacilando].’

Mostrando-lhe como se sentar e dirigir sua mente, ele a colocou em prática.
Ela teve boas experiências em sua meditação e apresentou esta canção
para afastar dúvidas e impedimentos:

‘Ah , precioso Senhor,
Expressão perfeita da forma desperta,

Fui feliz praticando com o céu,
Mas um pouco inquieta a respeito de trazer nuvens para a prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com nuvens.

Fui feliz praticando com o sol e a lua,
Mas um pouco desconfortável em trazer estrelas e planetas na prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com estrelas e planetas.

Fui feliz com ao praticar com a montanha,
Mas um pouco inquieta ao trazer grama e árvores.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com grama e árvores.

Fui feliz praticando com o oceano,
Mas um pouco incomodada ao trazer ondas para a prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com ondas.

Fui feliz em praticar com a mente,
Mas um pouco desconfortável em trazer pensamentos à prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com os pensamentos.”

Milarepa achou que sua prática foi produtiva e ficou encantado.
Em resposta ao seu pedido, ele cantou essa canção sobre a remoção
impedimentos e melhoramento da prática:

‘Ah, Lady Paldarboom,
Ouça , afortunada e devotada estudante.

Se você está feliz praticando com o céu,
As nuvens são criações mágicas do céu.
Seja o próprio céu .

Se você está feliz praticando com o sol e a lua,
Planetas e estrelas são as criações mágicas deles.
Seja o sol e a lua.

Se você está feliz praticando com a montanha,
Grama e árvores são criações mágicas da montanha.
Seja a própria montanha.

Se você está feliz praticando com o oceano,
As ondas são criações mágicas do oceano.
Seja o próprio oceano.

Se você está feliz praticando com a mente,
Os pensamentos são criações mágicas da mente.
Seja a própria mente.’

Quando ela praticou com essas instruções, ela chegou a uma
clara compreensão da natureza do ser puro. Mais tarde, ela
foi para o reino das dakinis em seu próprio corpo, acompanhada pelos
sons dos címbalos.”

(Extraído do capítulo de As Cem Mil Canções de Milarepa que
descreve seu encontro com a Lady Paldarboom.)

[Eis o meu entendimento pessoal: Milarepa, na primeira parte do poema, instrui a garota a praticar sem preocupações com o êxito da própria prática que realiza, isto é, sem preocupar-se com certos detalhes, pois tal preocupação, e não os detalhes em si, se transformam em obstáculos. Ele a instrui a perder o senso de lugar, posição, profundidade, entendimento, clareza, movimentação, ou seja, a se libertar desses pares de opostos: aqui e ali, mover-se e ficar imóvel, superficialidade e profundidade, clareza e confusão. Por mais bem intencionadas que seja, essas preocupações nos prendem e travam o avanço da prática.

Ao praticar, a aluna se confundiu e hesitou em trazer para a prática certos elementos que lhe pareceram estranhos ao lakshya, mas na verdade não eram. A orientação de Milarepa foi: seja o próprio objeto em que medita. Segundo minha interpretação, a garota supôs que havia se desviado da prática, mas na verdade estava praticando corretamente e não havia se desviado, pois as nuvens são parte do céu, assim como gramas e árvores são partes da montanha. Ela não havia se desviado dos lakshyas!]