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sábado, 19 de outubro de 2013

Canção de Milarepa para Lady Paldarboom

Tópicos: clareza, mente natureza, estabilidade.
Fonte: http://www.unfetteredmind.org/milarepas-song-to-lady-paldarboom
Tradução livre

“Então ela disse: ‘Caro professor, não tenho feito nada para me preparar para a próxima vida. Agora eu vou fazê-lo. Por favor,  partindo de sua grande compaixão, cuide de mim e me dê instrução à meditação.’

Milarepa estava encantado e respondeu: ‘Se você praticar o Dharma, sinceramente, na minha tradição, você não precisa mudar seu nome. A pessoa desperta com uma cabeça cheia de cabelos. Você não tem que cortar o cabelo ou fazer outras alterações.’

Ele cantou esta música com quatro exemplos e cinco pontos sobre a meditação e a prática da mente:

‘Ah , Lady Paldarboom
Afortunada e dedicada estudante,

Tome o céu como um exemplo,
Pratique sem qualquer senso de limite ou posição [meu entendimento: esqueça onde e em que posição você está].

Tome o sol e a lua como exemplos ,
Pratique sem qualquer senso de clareza ou distorção [não se preocupe se está confusa ou entendendo].

Tome esta montanha como um exemplo,
Pratique sem qualquer sentido de movimento ou mudança [não se preocupe em ficar imóvel ou se mexer].

Tome o grande oceano como exemplo,
Pratique sem qualquer senso de profundidade ou superfície [não se preocupe se sua prática se aprofundou ou ainda está superficial].

Para revelar a mente,
Pratique sem qualquer dúvida ou hesitação [não se amarre em preocupações sobre a prática e nem fique vacilando].’

Mostrando-lhe como se sentar e dirigir sua mente, ele a colocou em prática.
Ela teve boas experiências em sua meditação e apresentou esta canção
para afastar dúvidas e impedimentos:

‘Ah , precioso Senhor,
Expressão perfeita da forma desperta,

Fui feliz praticando com o céu,
Mas um pouco inquieta a respeito de trazer nuvens para a prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com nuvens.

Fui feliz praticando com o sol e a lua,
Mas um pouco desconfortável em trazer estrelas e planetas na prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com estrelas e planetas.

Fui feliz com ao praticar com a montanha,
Mas um pouco inquieta ao trazer grama e árvores.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com grama e árvores.

Fui feliz praticando com o oceano,
Mas um pouco incomodada ao trazer ondas para a prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com ondas.

Fui feliz em praticar com a mente,
Mas um pouco desconfortável em trazer pensamentos à prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com os pensamentos.”

Milarepa achou que sua prática foi produtiva e ficou encantado.
Em resposta ao seu pedido, ele cantou essa canção sobre a remoção
impedimentos e melhoramento da prática:

‘Ah, Lady Paldarboom,
Ouça , afortunada e devotada estudante.

Se você está feliz praticando com o céu,
As nuvens são criações mágicas do céu.
Seja o próprio céu .

Se você está feliz praticando com o sol e a lua,
Planetas e estrelas são as criações mágicas deles.
Seja o sol e a lua.

Se você está feliz praticando com a montanha,
Grama e árvores são criações mágicas da montanha.
Seja a própria montanha.

Se você está feliz praticando com o oceano,
As ondas são criações mágicas do oceano.
Seja o próprio oceano.

Se você está feliz praticando com a mente,
Os pensamentos são criações mágicas da mente.
Seja a própria mente.’

Quando ela praticou com essas instruções, ela chegou a uma
clara compreensão da natureza do ser puro. Mais tarde, ela
foi para o reino das dakinis em seu próprio corpo, acompanhada pelos
sons dos címbalos.”

(Extraído do capítulo de As Cem Mil Canções de Milarepa que
descreve seu encontro com a Lady Paldarboom.)

[Eis o meu entendimento pessoal: Milarepa, na primeira parte do poema, instrui a garota a praticar sem preocupações com o êxito da própria prática que realiza, isto é, sem preocupar-se com certos detalhes, pois tal preocupação, e não os detalhes em si, se transformam em obstáculos. Ele a instrui a perder o senso de lugar, posição, profundidade, entendimento, clareza, movimentação, ou seja, a se libertar desses pares de opostos: aqui e ali, mover-se e ficar imóvel, superficialidade e profundidade, clareza e confusão. Por mais bem intencionadas que seja, essas preocupações nos prendem e travam o avanço da prática.

Ao praticar, a aluna se confundiu e hesitou em trazer para a prática certos elementos que lhe pareceram estranhos ao lakshya, mas na verdade não eram. A orientação de Milarepa foi: seja o próprio objeto em que medita. Segundo minha interpretação, a garota supôs que havia se desviado da prática, mas na verdade estava praticando corretamente e não havia se desviado, pois as nuvens são parte do céu, assim como gramas e árvores são partes da montanha. Ela não havia se desviado dos lakshyas!]