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sábado, 24 de março de 2012

O estresse e o trabalho interior

À medida que o tempo passa, a humanidade robustece o Ego, seu desequilíbrio psico-físico aumenta e os seres humanos vão sendo cada vez mais afetados pelo estresse. Enfrentamos hoje uma epidemia mundial de estresse, motivo pelo qual é importante abordarmos esse assunto, que se relaciona diretamente com o nosso trabalho espiritual de meditação, morte do ego e equilíbrio dos centros da máquina (o corpo físico).

Ao contrário do que comumente se imagina, o estresse não resulta somente do trabalho e sim de tudo o que nos agride fisica emocionalmente.

Tipos de estresse

Há estresses agudos e crônicos, em graus variáveis. O estresse crônico costuma ser imperceptível e se apodera silenciosamente da pessoa. Pessoas alegres, calmas e aparentemente equilibradas podem estar sofrendo de estresse crônico e silencioso sem que ninguém perceba, nem mesmo elas. Nos casos de estresse crônico e sutil, a pessoa se dará conta somente quando aflorarem as somatizações (manifestações físicas do estresse), o que pode ocorrer em qualquer fase de sua vida. Alguém que nunca teve sinais de estresse pode apresentá-las de repente, em qualquer idade.

Existem também o estresse físico e o estresse emocional. O estresse físico resulta de agressões diretas ao corpo físico, por meio de excesso de esforço muscular, exposição a rigores climáticos, à alimentação deficiente, a inflamações e infecções, traumas mecânicos, falta de sono etc. O estresse emocional, por sua vez, é o resultado da somatória de todas as emoções negativas, presentes e passadas, acumuladas em nossa vida, incluindo emoções provenientes de traumas, decepções amorosas, traições etc. Tanto o estresse físico como o estresse emocional nos desequilibram quimica e energeticamente, fazendo com que o corpo trabalhe de forma desorganizada, e expressam-se através de diversos mecanismos físicos, tais como dores, arritmias cardíacas, queda na resistência imunológica, alergias etc. Toda doença existente possui alguma relação direta ou indireta com o estresse.

O estresse e os centros

O estresse emocional desequilibra o centro emocional. Este, desequilibrado, roubará energia dos demais centros. O mesmo processo acontece com os centros motor, intelectual, instintivo e sexual.

Podemos nos estressar de várias maneiras. Uma pessoa poderá se estressar sexualmente, por meio de excessos, e ficará impotente ou frígida. Outra poderá se estressar intelectualmente, estudando, discutindo e lendo em excesso, e se tornará confuso. Alguém que dorme pouco ou come em exagero, está estressando o centro instintivo. Em todos os casos, estará provocando desequilíbrio e doenças.

Estresse é sinônimo de desequilibrio dos centros.

O estresse das emoções negativas

Todas as emoções negativas provocam estresse emocional, mas há algumas que podem ser consideradas principais: medo, raiva, ódio, tristeza, irritação, inveja, impaciência. Emoções que nos fazem sofrer e desejos insatisfeitos elevam o nível do estresse.

Os egos, com suas emoções inferiores, vão destruindo o corpo físico aos poucos, desequilibrando os centros. A Morte do Ego é um meio de prolongarmos um pouco mais nossa estadia na Terra. Quem vai corrigindo as emoções inferiores e retirando os estressores emocionais de sua vida vai dando um alívio ao seu coração, o qual pode trabalhar de forma cada vez mais leve. Isso é o que interessa: estar com o coração leve.

Libertando-se do estresse

De nada adianta remediarmos os sintomas físicos de qualquer tipo de estresse se não removemos suas causas. O remediamento dos sintomas é útil em casos emergenciais mas não resolve o problema de forma definitiva. Enquanto as causas não forem removidas, o estresse estará sendo alimentado. Quem quer curar-se do estresse, deve remover as causas. Quem quer remover as causas do estresse, deve primeiro identificá-las, descobri-las em sua vida. Identificamos as causas por meio da reflexão. É muito útil termos um caderno para anotar as causas do nosso estresse. O que nos deixa nervosos, ansiosos, irritados ou com medo? Quais são os excessos que estamos cometendo?

Se você quer se livrar do estresse, o primeiro a fazer é identificar os agentes estressores. Separe um caderno e comece a listar todos os acontecimentos que provocam ira, raiva, medo, tristeza, ódio, inveja, preocupação etc. Tudo aquilo que provocar agitação ou mal estar deve ser incluído na lista, inclusive desejos compulsivos não satisfeitos. Inclua também os estressores físicos: trabalho, exercícios, fome, sede, falta de sono e outros similares. A lista pode ser aumentada diariamente, conforme você vai progredindo.

Há alguns agentes estressores dos quais estamos conscientes e outros dos quais não temos consciência alguma. Esses últimos ocasionam grandes prejuízos porque exercem seus efeitos na sombra, sorrateiramente, e não podem ser removidos porque não sabemos que estão lá. A lista tem a função de trazer à consciência os agentes estressores inconscientes, para que possamos operar sobre eles.

Alguns elementos da lista podem ser removidos de nossa vida imediatamente, outros podem ser diminuídos e outros necessitam ser interiormente resolvidos pela compreensão e morte dos egos relacionados.

Resignificando os acontecimentos estressantes

O estresse emocional é algo psicológico, interior. Um mesmo fato pode ser altamente estressante para uma pessoa e altamente relaxante para outra (ex. andar na floresta, entrar em um rio). Tudo depende do significado atribuído ao fato pela mente. Não podemos alterar o significado das coisas à força, pela mera repressão ou esforço para não sentirmos as emoções negativas.

Temos que afastar de nossa vida aquilo que causa estresse emocional. Estando atentos em nós mesmos, podemos prever muitas situações de intenso estresse emocional antes que aconteçam e evitá-las.

O equilíbrio dos centros requer que se tenha uma vida calma, desprovida de grandes emoções e agitações.

Certos agentes estressores não podem ser evitados mas podem ser resignificados. A resignificação de fato estressor é uma transformação psicológica, cujo primeiro passo é a observação de si mesmo, com o intuito de identificar os elementos psíquicos que se irritam, temem e sofrem. A morte dos “eus” que reagem diante das situações estressantes é imprescindível. Paralelamente, temos que aprender a não nos ocuparmos mentalmente com os problemas. Enquanto pensarmos em um problema, estaremos aprisionados ao mesmo. O que importa é nos libertarmos dos problemas interiormente. Quem está profundamente morto em si mesmo pode atravessar furacões e tempestades sem ser perturbado porque não permite que sua mente pense nas ameaças que o cercam, está interiormente livre do perigo.

A todo instante estamos nutrindo as emoções e pensamentos prejudiciais sem nos darmos conta. Quando deixamos de alimentá-los por meio de comportamentos sutis, os enfraquecemos. Enfraquecer e eliminar os egos que sofrem e desejam é resignificar os acontecimentos estressantes. Não devemos entrar em conflito com os egos e sim nos libertar, o que é diferente. Para tanto, é indispensável deixar de alimentá-los.

Aproveitando o tempo inteligentemente

Os compromissos, apesar de parecerem algo louvável, são poderosos agentes estressores. Quanto mais compromissos tenhamos, mais estressados ficaremos. O ideal é vivermos livres de compromissos, não assumi-los senão em alguns poucos casos realmente necessários. Os amigos, embora sejam importantes, podem nos lançar às costas muitos compromissos, tais como encontros, festas, passeios etc. Os compromissos são estressantes porque geram preocupações e roubam o tempo, encurtando-o.

Nosso tempo necessita ser bem aproveitado. Em nossa agenda, devem ter prioridade a meditação, o descanso e o sono. Em segundo plano devem vir as obrigações materiais fundamentais e indispensáveis, tais como o trabalho remunerado e outros indispensáveis. Necessitamos, ainda, de tempo para o trabalho voluntário pela humanidade e para o lazer. Logo, não nos sobra tempo para compromissos caprichosos.

Organizando os compromissos

Uma agenda de compromissos é indispensável. Alguns compromissos requerem vários dias para serem concluídos, outros requerem algumas horas. Em alguns casos, temos que separar um dia para várias tarefas menores, em outros, temos que separar vários dias ou até semanas para um única tarefa. É importante que os compromissos estejam agrupados de forma inteligente para facilitar sua realização e um melhor aproveitamento do tempo. Evitemos dividir uma grande tarefa de modo a realizá-la de forma “picada”, pois isso aumenta o estresse. Um trabalho que requer vários dias será altamente estressante se o realizarmos de forma picada, realizando um pouquinho hoje e mais um pouquinho na semana que vem. O agrupamente geográfico de tarefas curtas também ajuda a realizá-las de forma mais eficiente. Não agrupemos as tarefas de forma aleatória e sim de um modo racional.

O estresse no desejo

Por incrível que pareça, o desejo extremo também provoca estresse. Quando estamos prestes a satisfazer um desejo exageradamente intenso e brutal, o corpo manifesta sinais de estresse. Um desejo ou uma alegria extremos nos deixa agitados. O ideal é o equilibrio e a moderação.

Estresse e doenças psiquiátricas

O estresse pode se manifestar sob a forma de doenças emocionais e mentais. Ansiedade e depressão são formas de manifestação do estresse. Quando estamos com medo, tristes, apreensivos ou preocupados de forma incomum e exagerada, estamos sob intenso estresse.

Situações traumatizantes não resolvidas, ainda que esquecidas, continuam ativas como agentes estressores.

Corrigir as causas exteriores e interiores do estresse é de grande valia.

Estresse e pensamento

Os pensamentos provocam alterações somáticas, influenciam e modificam os funcionamento dos complexos sistemas bioquímicos e energéticos do corpo físico. Alterações corporais ocorrem quando pensamos em algo que nos atemoriza, nos enfurece ou nos excita sexualmente.

As alterações corporais provocadas pelos pensamentos são algumas vezes visíveis e outras vezes invisíveis. Existem muitas alterações imperceptíveis, mas nem por isso menos reais. Que alterações ocorrem no corpo físico quando pensamos em algo que nos dá medo, ira ou luxúria?

O conteúdo das imagens mentais relaciona-se diretamente com o par de opostos saúde/doença. Que alterações não estará provocando em seu corpo físico aquele que pensa constantemente no mal? E que alterações ou perturbações não estão sendo ocasionadas pelos pensamentos dos quais não temos consciência alguma?

Pelas razões expostas, é conveniente praticar a meditação todos os dias, várias vezes por dia.

Conclusão

Se queremos nos libertar do estresse para equilibrar os centros, temos que praticar o esquecimento, o despojamento, simplificar a vida ao máximo e limpá-la de emoções inferiores e de pensamentos negativos.