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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Como relaxar e entrar no pratyahara

Nem sempre relaxar os músculos é algo tão fácil como parece.

Uma linha de ação interessante consiste em acomodar-nos em decúbito dorsal e tornar-nos receptivo às tensões e sensações corporais. Vamos percebendo conscientemente as tensões, dores, coceiras etc. sem resistir-lhes nem tentar controlá-los, deixando apenas que entrem no campo da consciência e nos deixem espontaneamente. Vamos percebendo, uma após outra, as sensações corporais, começando a partir dos pés e gradativamente nos dirigindo até a cabeça.

Não devemos reagir contra as sensações, devemos somente percebê-las. O relaxamento é uma entrega e a soltura vai se estabelecendo à medida que vamos nos tornando conscientes do que se passa com o corpo.

Muitas vezes acreditamos estar relaxados, mas nada nos acontece porque existem tensões inconscientes, das quais não estamos nos dando conta. Temos que nos conscientizar de tais tensões para nos libertarmos e aprofundarmos o relaxamento.

Tomar consciência das tensões é pré-requisito para relaxar.

Uma vez que tenhamos alcançado o grau de relaxamento satisfatório, podemos passar à meta de nos libertarmos dos pensamentos. Aqui começa o pratyahara.

Assim como tomamos consciência das tensões musculares com o fim de nos libertamos delas sem nos opormos, temos agora que tomar consciência do que está se passando na mente. Passamos a observar a mente, nos dando conta do conteúdo de cada pensamento, sem entrar em conflito e nem fazer esforço algum para silenciá-los.

Cada pensamento possui seu conteúdo particular, seu tema ou assunto. Tomar consciência do mesmo promove seu silenciamento. A procissão de pensamentos vai passando e não tentamos interrompê-la à força, deixamos que passe, sem nos identificarmos e nem tampouco entrarmos em conflito. Ambos os extremos são desnecessários e atrapalham.

Quem se identifica com os pensamentos, sonha, fascina-se e adormece normalmente, perdendo a oportunidade. Quem tenta calá-los à força, envolve-se em um conflito e fica estancado, preso ao conflito. A mente não silencia pela força e sim pela compreensão, pela conscientização. O caminho do silêncio é o caminho do meio. Em um extremo está a fascinação pelos pensamentos, no outro está o conflito com a mente. Não queremos nenhum dos dois, queremos o silêncio. Não queremos reforçar os pensamentos e nem tampouco entrar em conflito com eles.

Um obstáculo comum no pratyahara são as reações do observador. Aquele que observa (a consciência) tende a reagir com agrado ou desagrado aos pensamentos que vão passando. As reações interrompem o fluxo da prática e a estancam, paralisando-a. O que necessitamos é simplesmente nos darmos conta e mais nada. Há certa forma específica de perceber os pensamentos e que consiste em os vermos sem dar-lhes muita importância, em simplesmente sabermos que estão ali. Se o observador se preocupar além disso, sua prática irá travar. Observe a mente de forma descontraída e despreocupada, sem reagir contra e nem a favor das imagens que vão surgindo.

Cada pensamento que vai sendo percebido conscientemente vai nos deixando, até um momento em que a mente fica calma e pode então se ocupar com o pensamento único da concentração. Nesta etapa, estaremos totalmente desligados do mundo exterior, receptivos e abertos somente ao mundo interior. Esse é o pratyahara.

Temos que entender o que é perceber conscientemente um pensamento. Perceber conscientemente algo é simplesmente dar-se conta, receber sem reação analítica ou racional, como quando escutamos o som do trovão ou o canto de um pássaro. As reações analíticas ao pensamento ("Que pensamento é esse? É um pensamento bom ou mau? Está certo ou está errado? Devo suprimi-lo? Essas imagens pertencem ao lakshya ou são um desvio?") tomam o seu lugar no fluxo mental e não permitem a sua passagem, congelando o desenvolvimento da prática. Nesta prática, não é necessário nos preocuparmos, é suficiente nos darmos conta do que pensamos.


No pratyahara, o observador não reage ao que presencia, apenas testemunha.